O Caminho de Ferro no Mundo
O célebre físico e astrónomo Arago ficou célebre na história dos caminhos de ferro por ter afirmado, em discurso pronunciado em 14 de Junho de 1836, por ocasião da discussão da lei de concessão da Linha Paris-Versailles, que "a passagem súbita de um túnel produziria, nas pessoas sujeitas a transpiração, fluxos de peito, pleurisias e catarros".
Um estadista como Thiers, apesar do êxito das linhas inglesas, troçava do futuro e do valor prático do caminho de ferro; qualificava-o de "brinquedo para os parisienses", chegando a mostrar receio de que a locomotiva explodisse e os passageiros fossem vítimas da mudança brusca de temperatura e da atmosfera glacial dos túneis".
Proudhon chamava em seu socorro padres e bispos, os quais, dizia ele, em grande número consideravam os caminhos de ferro e o telégtrafo eléctrico sinais anunciadores da vingança do Céu contra a incredulidade dos homens e da chegada do Anticristo.
Teófilo Gautier ridicularizava assim o caminho de ferro:
"À frente, uma espécie de forja rolante, de onde se escapa uma chuva de faíscas e que lembra, com a sua alta chaminé levantada, um elefante que caminhasse de tromba no ar. O ruído constante desta máquina que, ao funcionar, expele vapor negro, com um ruído que parece o que faria um monstro marinho encatarrado, soprando na água salgada, é certamente a coisa no mundo mais insuportável e mais penosa, a que há a juntar o odor fétido do carvão, como vantagens desta maneira de viajar".
E Flaubert, Musset, Alfredo de Vigny e tantos outros não são nem mais entusiastas nem menos acintosos.
Do livro"Caminhos de Ferro Portugueses" do Engº Frederico de Quadros Abragão
Do livro"Caminhos de Ferro Portugueses" do Engº Frederico de Quadros Abragão
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